PAN. Delegados reúnem-se para eleger direção após meses de tensão interna
O PAN reúne hoje o X Congresso, em Coimbra, para eleger a direção antevendo-se que, após meses de tensão interna, a porta-voz, Inês de Sousa Real, renove o seu mandato, perante a ausência, em protesto, da oposição.
A reunião, na qual participam 114 delegados eleitos, decorrerá no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) e terá como foco a eleição da nova Comissão Política Nacional (CPN) e do porta-voz do PAN, bem como a eleição do Conselho de Jurisdição Nacional (CJN), a discussão de propostas de alterações aos estatutos e o debate de moções setoriais.
O PAN vai definir a orientação e estratégia política para os próximos anos, depois de nas últimas legislativas ter visto diminuir o número de votos e após meses de conturbação interna, com a demissão de vários dirigentes e a saída de dezenas de militantes. A última demissão foi conhecida esta sexta-feira, com a saída do coordenador da Jurisdição do partido, por considerar que há ilegalidades no regulamento do Congresso.
Apresentam-se a esta reunião magna duas candidatas à liderança: Inês de Sousa Real, porta-voz do partido desde junho de 2021 e única deputada do PAN, que se recandidata a um terceiro mandato, e Carolina Pia, ex-líder distrital em Viseu, que se demitiu da Comissão Política Nacional (CPN) em maio por divergências com a direção atual.
Os estatutos em vigor estipulam que o porta-voz do PAN é a pessoa que está em primeiro lugar na lista mais votada para a Comissão Política Nacional.
O início dos trabalhos está previsto para as 10:10, com a votação do regulamento do Congresso, a que se segue a eleição da Mesa da reunião magna.
A sessão de abertura é às 10:30, com as intervenções do porta-voz distrital de Coimbra do PAN, João Fontes da Costa, a presidente da Câmara Municipal de Coimbra eleita pela coligação PS/Livre/PAN, a socialista Ana Abrunhosa, e a prestação de contas da Comissão Política Permanente (CPP).
A apresentação e discussão das moções globais de estratégia estão previstas para o período entre as 11:30 e as 13:00, antecipando-se que apenas a moção liderada por Inês de Sousa Real seja apresentada dada a ausência, em protesto, dos assinantes da única moção opositora liderada por Carolina Pia.
A parte da tarde do programa inclui o debate e a votação das propostas de alteração aos Estatutos do partido, seguidos da votação das moções setoriais. A eleição para a CPN e o CJP está marcada para as 16:30, com o fecho das urnas previsto para as 17:20 e o anúncio dos resultados agendado para as 17:30.
A sessão de encerramento, com a intervenção da porta-voz do partido, será às 17:45, marcando o fim do único dia de Congresso.
Na moção da lista B, sob o lema "Em frente, pelas causas", Sousa Real identifica um problema de "tensão interna" no PAN, mas apela a uma reconciliação e defende que um partido "não se mede pelos seus momentos de ruído", mas sim pela "capacidade de se reerguer", comprometendo-se a "reconstruir confiança, uniar sensibilidades e voltar a fazer do PAN uma referência".
Sousa Real apresenta uma moção com 41 subscritores, tendo, como números dois e três da lista, Hugo Alexandre Trindade e Tânia Mesquita, dois atuais dirigentes. Conta também com o apoio de Sandra Pimenta, Sílvia Marques, Mónica Freitas, e o último cabeça de lista do partido nas Europeias, Pedro Fidalgo Marques.
A lista A, liderada por Carolina Pia, embora se mantenha como uma das opções no boletim de voto, não comparecerá ao Congresso por considerar não estarem asseguradas as "garantias democráticas" para a realização dos trabalhos, criticando a impossibilidade de serem eleitos delegados por distritais consideradas inativas, uma norma que diz impedir o acesso ao voto a filiados em zonas que não estão sob o controlo da direção.
Carolina Pia, que pediu a impugnação da reunião magna ao Tribunal Constitucional, reconheceu já que a sua candidatura é agora "meramente simbólica" e que Inês de Sousa Real deverá ser reeleita.